Monday, October 08, 2007
Como o tempo passa!!!!!!
Que loucura...
Que loucura...
Monday, January 09, 2006
Depois de tanto tempo...já nem sabia como entrar!
Vou tentar regressar...
Vou tentar regressar...
Thursday, September 01, 2005
Os nossos dias
Que tempo é este em que vivemos? Corremos numa velocidade, numa pressa, numa urgência e não chegamos nunca ao futuro. Vivemos um eterno presente enlatados numa crise pós moderna, já não é só a velha crise, que nos reduz cada vez mais a seres unos, iguais, sem imaginação nem esperança. Vivemos numa sociedade uniformizada, massificada, onde imperam o consumo e os objectos. Vivemos alienados em estruturas de vida dominadas por valores que nos roubam todo o poder de espíritos livres e criativos. O tempo passa e a vida escoa-se por entre os dias programados por outros. A nossa identidade é-nos confiscada por forças que manipulam a nossa vontade. Há um poder exercido sobre nós que nos explora e nos manipula, que nos rouba o ideal da diferença e oferece já o produto acabado. E nós qual rebanho sucumbimos e deixamo-nos guiar para um lado ou para outro.
Foi-nos prometido que teríamos mais ócio e mais paz com a tecnologia, mas esta não nos deu sossego, antes nos enfiou numa correria louca de competição, de produtividade, de lucro, de urgência! Onde queremos chegar? Quando vamos usufruir do prazer do tempo? Quando vamos viver o que há em nós de identificação com os outros, de sensibilidade ao próximo, sem que isso se transforme imediatamente numa coisificação, apenas objecto de interesse sensacionalista?
As opções da bolsa, os fluxos de capital, as implantações de silicone, a vida é isto? A depressão económica, o problema do déficit, a globalização. E mais recentemente a insegurança global, os atentados terroristas, os traumas do nosso presente. Esta é a nossa modernidade.
Até o amor mudou. O ritmo do nosso tempo acelerou o amor, materializou-o, fez desaparecer aquele seu mistério sagrado. Hoje temos controle no amor, sabemos que pode atrapalhar a vida, sabemos o que fazemos e porque o fazemos...
Onde estão os hippies do nosso tempo? Onde mora a alternativa a este nosso presente? Na internet multiplicam-se apóstolos sem mestre que apregoam uma crítica e um cepticismo brutais mas não mudam o mundo. Aceitam-no como algo irremediável.
Mas a opção tem que ser mais do que sobreviver. Não é mais possível aguentar somente o sucesso, o poder, o desempenho.. É preciso coragem e entrega nesta nova tarefa, mas precisamos reinventar um novo futuro e a mudança começa connosco, neste Presente.
Foi-nos prometido que teríamos mais ócio e mais paz com a tecnologia, mas esta não nos deu sossego, antes nos enfiou numa correria louca de competição, de produtividade, de lucro, de urgência! Onde queremos chegar? Quando vamos usufruir do prazer do tempo? Quando vamos viver o que há em nós de identificação com os outros, de sensibilidade ao próximo, sem que isso se transforme imediatamente numa coisificação, apenas objecto de interesse sensacionalista?
As opções da bolsa, os fluxos de capital, as implantações de silicone, a vida é isto? A depressão económica, o problema do déficit, a globalização. E mais recentemente a insegurança global, os atentados terroristas, os traumas do nosso presente. Esta é a nossa modernidade.
Até o amor mudou. O ritmo do nosso tempo acelerou o amor, materializou-o, fez desaparecer aquele seu mistério sagrado. Hoje temos controle no amor, sabemos que pode atrapalhar a vida, sabemos o que fazemos e porque o fazemos...
Onde estão os hippies do nosso tempo? Onde mora a alternativa a este nosso presente? Na internet multiplicam-se apóstolos sem mestre que apregoam uma crítica e um cepticismo brutais mas não mudam o mundo. Aceitam-no como algo irremediável.
Mas a opção tem que ser mais do que sobreviver. Não é mais possível aguentar somente o sucesso, o poder, o desempenho.. É preciso coragem e entrega nesta nova tarefa, mas precisamos reinventar um novo futuro e a mudança começa connosco, neste Presente.
Sunday, August 28, 2005
publicidade ou a nossa condição de rebanho
A imagem do rebanho para definir a condição humana é das mais felizes da história da filosofia. Nietzche tinha razão. Nós somos como as ovelhas que num rebanho vão todas juntas, de cabeça baixa, seguindo juntas para o mesmo lado. A direcção muda e elas mudam também. Sem levantar a cabeça, sem questionar, sem perguntar: - “mas o que é isto, para onde vamos? Eu não quero ir!”. Impensável não é? No entanto alguém lá à frente as dirige. Seja o pastor, seja o cão ou até uma ovelha mais esclarecida ou com mais estatuto.
A nossa vida é assim. Sem darmos por isso, estamos todos a pensar da mesma maneira, a vestir da mesma maneira, a comprar e a desejar as mesmas coisas, a ter, em suma, um comportamento semelhante uns aos outros. Alguém quis que assim fosse. Alguém nos tornou “coisas” fáceis de manipular e explorar. Alguém nos roubou a diferença, a liberdade de pensar e de escolher. Alguém nos tornou um produto de usar e deitar fora quando acaba o prazo de validade. E nós deixamos!!
No outro dia estava num café e ouvi:
- Bebo todos os dias um actimel, faz muito bem, é para regular o trânsito intestinal – o trânsito, imaginem!
- E tem dez milhões de L.casei imunitas- continuou
- Ah, eu bebo danone líquido – dizia a outra
- Tem bífidos activos.
Para meu espanto uma terceira ainda dizia
A mim não me faz muito efeito mas também bebo sempre. É pro-activ
Fiquei perplexa. Saberiam aquelas pessoas do que estavam a falar? Ou limitam-se apenas a repetir que nem papagaios aquilo que esses agentes de mercado querem que eles repitam? Mas que raio são bifidos activos? E L.casei imunitas? E como acreditam as pessoas assim, só porque viram na televisão, numa coisa que nem sabem o que é? E defendem. E compram. Afinal era esse o objectivo. Que nem um rebanho, todos para o mesmo lado. Sem dúvidas, nem questões!
Com as palavras também é assim. Há uns anos atrás alguém pediu para o governo, uma maioria inequívoca. Inequívoca!! É incrível como a partir daí se começou a pedir de forma inequívoca, qualquer coisa. Esse conceito introduziu-se no vocabulário político com uma facilidade e rapidez, que de repente parecia-me ouvir só a palavra inequívoca em todo o lado. É extraordinário!
Usamos as mesmas roupas, somos escravos das marcas, temos todos o mesmo cabelo (se algum extra terrestre olhasse para a terra de vez em quando, assustava-se, porque o que via era uma grande mancha amarela) e até os nossos desejos são iguais. Que nos vendam a roupa, os sapatos, o cabelo, o carro, a casa, o emprego! Já é grave. Mas os sonhos! Os desejos!!... Meu Deus, isto está mal! A televisão deixa-nos pouco espaço para a imaginação. O cérebro está intoxicado de propaganda. A alienação é total. Como podem os nossos sonhos fugir desse novelo? Como se rompe com aquilo que nos torna iguais e aceites? Como se imagina um desejo diferente? E pior, como se vive uma alternativa neste mundo de consumo e valores distorcidos? É difícil!
Mas ... há sempre a ovelha negra. Felizmente! Aquela que dá um berro, que até leu o José Régio e se recusa a ir por ali!... E de repente as outras começam a levantar a cabeça...
A nossa vida é assim. Sem darmos por isso, estamos todos a pensar da mesma maneira, a vestir da mesma maneira, a comprar e a desejar as mesmas coisas, a ter, em suma, um comportamento semelhante uns aos outros. Alguém quis que assim fosse. Alguém nos tornou “coisas” fáceis de manipular e explorar. Alguém nos roubou a diferença, a liberdade de pensar e de escolher. Alguém nos tornou um produto de usar e deitar fora quando acaba o prazo de validade. E nós deixamos!!
No outro dia estava num café e ouvi:
- Bebo todos os dias um actimel, faz muito bem, é para regular o trânsito intestinal – o trânsito, imaginem!
- E tem dez milhões de L.casei imunitas- continuou
- Ah, eu bebo danone líquido – dizia a outra
- Tem bífidos activos.
Para meu espanto uma terceira ainda dizia
A mim não me faz muito efeito mas também bebo sempre. É pro-activ
Fiquei perplexa. Saberiam aquelas pessoas do que estavam a falar? Ou limitam-se apenas a repetir que nem papagaios aquilo que esses agentes de mercado querem que eles repitam? Mas que raio são bifidos activos? E L.casei imunitas? E como acreditam as pessoas assim, só porque viram na televisão, numa coisa que nem sabem o que é? E defendem. E compram. Afinal era esse o objectivo. Que nem um rebanho, todos para o mesmo lado. Sem dúvidas, nem questões!
Com as palavras também é assim. Há uns anos atrás alguém pediu para o governo, uma maioria inequívoca. Inequívoca!! É incrível como a partir daí se começou a pedir de forma inequívoca, qualquer coisa. Esse conceito introduziu-se no vocabulário político com uma facilidade e rapidez, que de repente parecia-me ouvir só a palavra inequívoca em todo o lado. É extraordinário!
Usamos as mesmas roupas, somos escravos das marcas, temos todos o mesmo cabelo (se algum extra terrestre olhasse para a terra de vez em quando, assustava-se, porque o que via era uma grande mancha amarela) e até os nossos desejos são iguais. Que nos vendam a roupa, os sapatos, o cabelo, o carro, a casa, o emprego! Já é grave. Mas os sonhos! Os desejos!!... Meu Deus, isto está mal! A televisão deixa-nos pouco espaço para a imaginação. O cérebro está intoxicado de propaganda. A alienação é total. Como podem os nossos sonhos fugir desse novelo? Como se rompe com aquilo que nos torna iguais e aceites? Como se imagina um desejo diferente? E pior, como se vive uma alternativa neste mundo de consumo e valores distorcidos? É difícil!
Mas ... há sempre a ovelha negra. Felizmente! Aquela que dá um berro, que até leu o José Régio e se recusa a ir por ali!... E de repente as outras começam a levantar a cabeça...
Thursday, April 21, 2005
O novo Papa
Algumas frases famosas do cardeal alemão Joseph Ratzinger, 78, novo papa Bento 16:
Aclamação
"Após o grande papa João Paulo 2º, os cardeais escolheram-me a mim, um simples, humilde trabalhador da vinha do Senhor". (No seu primeiro pronunciamento como novo sumo pontífice da Igreja Católica)
Ego e individualismo
"Nós estamos a dirigir-nos em direção à ditadura do relativismo que não reconhece nada como definitivo e que tem como seu maior valor o ego e os desejos de cada um. (...) Nós devemo-nos tornar maduros na fé, devemos guiar o rebanho de Cristo nessa fé". (Na missa na basílica de São Pedro antes do conclave).
Imundície na Igreja
"Quanta imundície há na igreja, mesmo entre aqueles que, no sacerdócio, devem pertencer inteiramente a Ele. Quanto orgulho, quanta auto-suficiência". (Na missa da Sexta-feira Santa em 2005).
Europa
"Nas horas de seu maior apogeu, a Europa parece ter-se tornado vazia por dentro, paralisada por uma crise que ameaça a sua saúde e a faz depender de transplantes". (No recente livro publicado "Valores em Tempos de Reviravolta").
Outras igrejas
"A Igreja Católica é a mãe de todas as igrejas cristãs. Por isso, outras igrejas não devem ser consideradas 'irmãs' da Igreja Católica."
Clonagem
"Um homem produzido por outros homens no laboratório deixa de ser um presente de Deus, da natureza. Assim como ele pode ser fabricado, ele pode ser destruído. A clonagem humana é mais perigosa que as armas de destruição em massa."
Aborto
"Os cristãos devem ser contra decisões judiciais e leis que autorizem o aborto e a eutanásia, considerados pecados graves."
Homossexuais
"A igreja classifica os casamentos homossexuais como imorais, artificiais e nocivos."
Superstição"Rituais que dependem da superstição e outros erros constituem um obstáculo para a salvação."
Rock"O rock é uma expressão básica das paixões que, em grandes platéias, pode assumir características de culto ou até de adoração, contrários ao cristianismo."
Pedofilia na Igreja
"Estou convencido que as notícias freqüentes sobre padres católicos pecadores [pedófilos] fazem parte de uma campanha planeada para prejudicar a Igreja Católica."
Feminismo
"Algumas formas de feminismo tornam as mulheres adversárias dos homens. O enfraquecimento da definição da identidade sexual tornou o homossexualismo e heterossexualismo praticamente equivalentes."
Eutanásia
"Um católico será considerado culpado por cooperar com o mal, e não poderá receber a comunhão se votar num candidato político porque ele é a favor da eutanásia e/ou do aborto."
Divórcio
"O ato de comungar apenas porque o católico vai à missa é um abuso e precisa ser corrigido. Muitas vezes, o responsável pela comunhão deve recusar-se a dar a hóstia para algumas pessoas --entre elas, aquelas que foram excomungadas e as que insistem em cometer pecados graves."
Friday, April 08, 2005
Não aguento mais
Hoje foi a despedida do Papa. Milhares de pessoas acorreram a Roma para o último adeus. Momentos desses que geram concerteza emoções profundas deveriam servir para cada um parar e reflectir sobre o significado da vida, da solidariedade, da paz, do que pode fazer para tornar o mundo melhor, enfim a prática do que ensinou Jesus Cristo. Mas não. São momentos que servem outras finalidades e cada um explora a sua o melhor que pode. Independentemente da fé verdadeira que alguns possam ter, a maior parte, infelizmente, é imbuída apenas por uma beatice balofa e estéril. Depois da cerimónia, passado aquele fervor colectivo, volta tudo ao normal. Esquece-se o Papa, esquece-se a Igreja e volta-se a pecar logo no instante em que se atropela e empurra o companheiro do lado, porque está na hora de apanhar o avião ou o autocarro para casa. Acaba o amor ao próximo, acabam as santas intenções, ninguém lembra o que nos manda fazer Cristo e a fé fica reduzida (e esquecida) à palavra e mesmo assim, só lembrada nalguma aflição em que é preciso pedir algo.
Também não aguento o cinzentismo deste país que nos torna seres sem vivacidade, opacos e toscos sempre desejando ser o que não somos capazes de ser e nunca conseguindo mudar o caminho. Vegetamos neste crepúsculo acinzentado sem esforço e sem glória e perdemo-nos no tempo que entretanto corre mais rápido que a vida.
Não aguento a nossa mentalidade retrógrada, reaccionária, tacanha, mesquinha, que nos envergonha perante o mundo, o racismo, o ser contra a entrada de emigrantes, a exploração dos mais fracos, a dificuldade de aceitar ideias novas, culturas novas, práticas novas.
Não aguento os políticos que sabem que o país está numa crise profunda e com tanta dificuldade para crescer e não são capazes de encontrar uma solução eficaz.
Não aguento mais as análises, as propostas, as pseudo soluções, um debitar sobre tudo e sobre nada e nenhuma ideia para o nosso futuro.
Não aguento os oportunistas, os transgénicos de direita ou de esquerda que tudo fazem para se manterem por aí e às nossas custas.
Não aguento a crise na justiça, na saúde, na educação, no trabalho... Não aguento a falta de confiança que as instituições políticas e sociais nos fazem sentir. Não aguento o desamparo, a falta de perspectiva, a pobreza, a angústia, a tristeza em que vamos sobrevivendo.
Não aguento esta liberdade, produto de mercado, a militância dos ignorantes cujo único objectivo é o corpo perfeito, o silicone perfeito, o peeling perfeito, os dentes perfeitos. Esta ou aquela parte do corpo mais importante que os seus donos.
Não aguento o sucesso sem trabalho, a troca do mérito pela fama, as celebridades de panela de pressão que duram o tempo do vapor. Não aguento os anúncios de mulheres, no seu papel de domésticas, cantando felizes e contentes com o sonasol liquido.
Não aguento mais sermos este bando de patetas de consumo que querem tudo o que vêem e que nos tornam num país endividado até à raiz dos cabelos.
Não aguento mais a faixa de Gaza, as mortes gratuitas como se a vida nada valesse.
Não aguento ver crianças e adultos com fome no mundo, enquanto a Igreja Universal constrói templos de luxo com o dinheiro dos pobres.
...
Vou parar por agora.
Estou quase em depressão!!! ... É que há muito mais coisas que eu não aguento!...
Também não aguento o cinzentismo deste país que nos torna seres sem vivacidade, opacos e toscos sempre desejando ser o que não somos capazes de ser e nunca conseguindo mudar o caminho. Vegetamos neste crepúsculo acinzentado sem esforço e sem glória e perdemo-nos no tempo que entretanto corre mais rápido que a vida.
Não aguento a nossa mentalidade retrógrada, reaccionária, tacanha, mesquinha, que nos envergonha perante o mundo, o racismo, o ser contra a entrada de emigrantes, a exploração dos mais fracos, a dificuldade de aceitar ideias novas, culturas novas, práticas novas.
Não aguento os políticos que sabem que o país está numa crise profunda e com tanta dificuldade para crescer e não são capazes de encontrar uma solução eficaz.
Não aguento mais as análises, as propostas, as pseudo soluções, um debitar sobre tudo e sobre nada e nenhuma ideia para o nosso futuro.
Não aguento os oportunistas, os transgénicos de direita ou de esquerda que tudo fazem para se manterem por aí e às nossas custas.
Não aguento a crise na justiça, na saúde, na educação, no trabalho... Não aguento a falta de confiança que as instituições políticas e sociais nos fazem sentir. Não aguento o desamparo, a falta de perspectiva, a pobreza, a angústia, a tristeza em que vamos sobrevivendo.
Não aguento esta liberdade, produto de mercado, a militância dos ignorantes cujo único objectivo é o corpo perfeito, o silicone perfeito, o peeling perfeito, os dentes perfeitos. Esta ou aquela parte do corpo mais importante que os seus donos.
Não aguento o sucesso sem trabalho, a troca do mérito pela fama, as celebridades de panela de pressão que duram o tempo do vapor. Não aguento os anúncios de mulheres, no seu papel de domésticas, cantando felizes e contentes com o sonasol liquido.
Não aguento mais sermos este bando de patetas de consumo que querem tudo o que vêem e que nos tornam num país endividado até à raiz dos cabelos.
Não aguento mais a faixa de Gaza, as mortes gratuitas como se a vida nada valesse.
Não aguento ver crianças e adultos com fome no mundo, enquanto a Igreja Universal constrói templos de luxo com o dinheiro dos pobres.
...
Vou parar por agora.
Estou quase em depressão!!! ... É que há muito mais coisas que eu não aguento!...
Tuesday, April 05, 2005
É demais!!!
Não aguento mais ver as noticias!! Em todas as televisões só aparece a morte do Papa e todas as considerações e análises possíveis e imaginárias sobre essa questão.
Desde a semana passada que deixou de acontecer algo de importante no país e no mundo. O mundo parou? Não aconteceu nada? É que pura e simplesmente deixou de haver noticias que não sejam sobre o Papa. É demais!!...
Isto não tem só a ver com o Papa. Tem a ver, isso sim, e é assustador, com a nossa condição de rebanho que sucumbe e se deixa guiar, ora para um lado, ora para outro, por forças que manipulam a nossa vontade e os nossos sentimentos, que nos orientam e nos guiam e que assumem as mais requintadas subtilezas, tornando-se por isso mesmo, muitas vezes, invísiveis ao imediato do nosso olhar.
Esta condição de rebanho que tudo aceita sem questionar, esta visão massificada, uniformizada do mundo, esta manipulação que nos converte em seres sem espírito crítico e livres, que nos rouba o ideal da diferença e nos oferece uma ideologia já pronta, criada pela própria televisão e pelos mecanismos de massa que a animam.
A liberdade de pensar foi-nos confiscada, o nivelamento do discurso e da acção são prática dominante. Tornamo-nos numa coisa, cada vez mais objecto de interesse sensacionalista.
Não podemos continuar a aceitar tudo, num conformismo cínico e individualista.
Ainda a questão do Papa.
Não há lugar a vozes dissonantes. O discurso assume um tom sacro-santo que todos utilizam. Morreu o Papa! Todos se apressam a aparecer. Convém também dizer algo, de preferência, que não comprometa, mesmo que em tempos, se tenha discordado vivamente das suas posições. Mas agora não é hora! Até concordo. O Papa morreu, faz-se o elogio à sua figura e papel que desempenhou neste século dos média. Sim, porque sem os média, não haveria este corropio de gente a querer ficar 5 horas numa fila, à espera, para assistir a um banho de multidão. Este é portanto um Papa super star. Os media mostram a figura, criam a estrela e a consequência são os bandos de fãs por todo o planeta.
Esta histeria colectiva foi criada pelos media. Sem duvida! E o povo, e os seus governantes que precisam do povo, com a lavagem cerebral bem feita, corresponde e faz, em uníssono, aquilo que é pedido. Pensa a uma só voz, sem duvidar, sem questionar, sem reclamar. Por todo o planeta. E o show começa...
E se de repente alguém pensa:
Mas o Papa ... teve um papel importante na defesa da paz, na aproximação entre os povos ( não será esta já a função da Igreja?...); teve esse e outros méritos, concordo e elogio, mas...
- teve uma posição anti esquerda, notório na condenação da teologia da libertação
- teve uma posição anti-feminista, assente na exaltação da virtudes femininas da subjugação e do cuidado, em vez de permitir e impulsionar a igualdade de direitos
- um discurso assente na ilicitude moral do uso dos contraceptivos
- um discurso anti-preservativo em tempos de sida e dirigido a países, muitos com 1/3 da população infectada
- um discurso homofóbico, assente na negação da cidadania plena aos homossexuais
um medo da modernidade e das culturas onde a liberdade sexual e reprodutiva é respeitada
- o combate ao divórcio
- a preocupação em impedir o acesso das mulheres ao sacerdócio
- o apelo às mulheres bósnias violadas e grávidas dos invasores, que não abortassem
- o horror à contracepção, ao aborto, à homossexualidade, ao divórcio, ao planeamento familiar, à sida, o combate ao preservativo, o horror à emancipação da mulher, a condenação da atribuição do prémio Nobel da Literatura a José Saramago e tantos mais exemplos...
...?
Não se pode dizer isto? "Isto" deixou de existir? É que são questões do nosso tempo. E não podem ser tratadas por uma moral de conteudo reaccionário...
Desde a semana passada que deixou de acontecer algo de importante no país e no mundo. O mundo parou? Não aconteceu nada? É que pura e simplesmente deixou de haver noticias que não sejam sobre o Papa. É demais!!...
Isto não tem só a ver com o Papa. Tem a ver, isso sim, e é assustador, com a nossa condição de rebanho que sucumbe e se deixa guiar, ora para um lado, ora para outro, por forças que manipulam a nossa vontade e os nossos sentimentos, que nos orientam e nos guiam e que assumem as mais requintadas subtilezas, tornando-se por isso mesmo, muitas vezes, invísiveis ao imediato do nosso olhar.
Esta condição de rebanho que tudo aceita sem questionar, esta visão massificada, uniformizada do mundo, esta manipulação que nos converte em seres sem espírito crítico e livres, que nos rouba o ideal da diferença e nos oferece uma ideologia já pronta, criada pela própria televisão e pelos mecanismos de massa que a animam.
A liberdade de pensar foi-nos confiscada, o nivelamento do discurso e da acção são prática dominante. Tornamo-nos numa coisa, cada vez mais objecto de interesse sensacionalista.
Não podemos continuar a aceitar tudo, num conformismo cínico e individualista.
Ainda a questão do Papa.
Não há lugar a vozes dissonantes. O discurso assume um tom sacro-santo que todos utilizam. Morreu o Papa! Todos se apressam a aparecer. Convém também dizer algo, de preferência, que não comprometa, mesmo que em tempos, se tenha discordado vivamente das suas posições. Mas agora não é hora! Até concordo. O Papa morreu, faz-se o elogio à sua figura e papel que desempenhou neste século dos média. Sim, porque sem os média, não haveria este corropio de gente a querer ficar 5 horas numa fila, à espera, para assistir a um banho de multidão. Este é portanto um Papa super star. Os media mostram a figura, criam a estrela e a consequência são os bandos de fãs por todo o planeta.
Esta histeria colectiva foi criada pelos media. Sem duvida! E o povo, e os seus governantes que precisam do povo, com a lavagem cerebral bem feita, corresponde e faz, em uníssono, aquilo que é pedido. Pensa a uma só voz, sem duvidar, sem questionar, sem reclamar. Por todo o planeta. E o show começa...
E se de repente alguém pensa:
Mas o Papa ... teve um papel importante na defesa da paz, na aproximação entre os povos ( não será esta já a função da Igreja?...); teve esse e outros méritos, concordo e elogio, mas...
- teve uma posição anti esquerda, notório na condenação da teologia da libertação
- teve uma posição anti-feminista, assente na exaltação da virtudes femininas da subjugação e do cuidado, em vez de permitir e impulsionar a igualdade de direitos
- um discurso assente na ilicitude moral do uso dos contraceptivos
- um discurso anti-preservativo em tempos de sida e dirigido a países, muitos com 1/3 da população infectada
- um discurso homofóbico, assente na negação da cidadania plena aos homossexuais
um medo da modernidade e das culturas onde a liberdade sexual e reprodutiva é respeitada
- o combate ao divórcio
- a preocupação em impedir o acesso das mulheres ao sacerdócio
- o apelo às mulheres bósnias violadas e grávidas dos invasores, que não abortassem
- o horror à contracepção, ao aborto, à homossexualidade, ao divórcio, ao planeamento familiar, à sida, o combate ao preservativo, o horror à emancipação da mulher, a condenação da atribuição do prémio Nobel da Literatura a José Saramago e tantos mais exemplos...
...?
Não se pode dizer isto? "Isto" deixou de existir? É que são questões do nosso tempo. E não podem ser tratadas por uma moral de conteudo reaccionário...