Friday, April 08, 2005
Não aguento mais
Hoje foi a despedida do Papa. Milhares de pessoas acorreram a Roma para o último adeus. Momentos desses que geram concerteza emoções profundas deveriam servir para cada um parar e reflectir sobre o significado da vida, da solidariedade, da paz, do que pode fazer para tornar o mundo melhor, enfim a prática do que ensinou Jesus Cristo. Mas não. São momentos que servem outras finalidades e cada um explora a sua o melhor que pode. Independentemente da fé verdadeira que alguns possam ter, a maior parte, infelizmente, é imbuída apenas por uma beatice balofa e estéril. Depois da cerimónia, passado aquele fervor colectivo, volta tudo ao normal. Esquece-se o Papa, esquece-se a Igreja e volta-se a pecar logo no instante em que se atropela e empurra o companheiro do lado, porque está na hora de apanhar o avião ou o autocarro para casa. Acaba o amor ao próximo, acabam as santas intenções, ninguém lembra o que nos manda fazer Cristo e a fé fica reduzida (e esquecida) à palavra e mesmo assim, só lembrada nalguma aflição em que é preciso pedir algo.
Também não aguento o cinzentismo deste país que nos torna seres sem vivacidade, opacos e toscos sempre desejando ser o que não somos capazes de ser e nunca conseguindo mudar o caminho. Vegetamos neste crepúsculo acinzentado sem esforço e sem glória e perdemo-nos no tempo que entretanto corre mais rápido que a vida.
Não aguento a nossa mentalidade retrógrada, reaccionária, tacanha, mesquinha, que nos envergonha perante o mundo, o racismo, o ser contra a entrada de emigrantes, a exploração dos mais fracos, a dificuldade de aceitar ideias novas, culturas novas, práticas novas.
Não aguento os políticos que sabem que o país está numa crise profunda e com tanta dificuldade para crescer e não são capazes de encontrar uma solução eficaz.
Não aguento mais as análises, as propostas, as pseudo soluções, um debitar sobre tudo e sobre nada e nenhuma ideia para o nosso futuro.
Não aguento os oportunistas, os transgénicos de direita ou de esquerda que tudo fazem para se manterem por aí e às nossas custas.
Não aguento a crise na justiça, na saúde, na educação, no trabalho... Não aguento a falta de confiança que as instituições políticas e sociais nos fazem sentir. Não aguento o desamparo, a falta de perspectiva, a pobreza, a angústia, a tristeza em que vamos sobrevivendo.
Não aguento esta liberdade, produto de mercado, a militância dos ignorantes cujo único objectivo é o corpo perfeito, o silicone perfeito, o peeling perfeito, os dentes perfeitos. Esta ou aquela parte do corpo mais importante que os seus donos.
Não aguento o sucesso sem trabalho, a troca do mérito pela fama, as celebridades de panela de pressão que duram o tempo do vapor. Não aguento os anúncios de mulheres, no seu papel de domésticas, cantando felizes e contentes com o sonasol liquido.
Não aguento mais sermos este bando de patetas de consumo que querem tudo o que vêem e que nos tornam num país endividado até à raiz dos cabelos.
Não aguento mais a faixa de Gaza, as mortes gratuitas como se a vida nada valesse.
Não aguento ver crianças e adultos com fome no mundo, enquanto a Igreja Universal constrói templos de luxo com o dinheiro dos pobres.
...
Vou parar por agora.
Estou quase em depressão!!! ... É que há muito mais coisas que eu não aguento!...
Também não aguento o cinzentismo deste país que nos torna seres sem vivacidade, opacos e toscos sempre desejando ser o que não somos capazes de ser e nunca conseguindo mudar o caminho. Vegetamos neste crepúsculo acinzentado sem esforço e sem glória e perdemo-nos no tempo que entretanto corre mais rápido que a vida.
Não aguento a nossa mentalidade retrógrada, reaccionária, tacanha, mesquinha, que nos envergonha perante o mundo, o racismo, o ser contra a entrada de emigrantes, a exploração dos mais fracos, a dificuldade de aceitar ideias novas, culturas novas, práticas novas.
Não aguento os políticos que sabem que o país está numa crise profunda e com tanta dificuldade para crescer e não são capazes de encontrar uma solução eficaz.
Não aguento mais as análises, as propostas, as pseudo soluções, um debitar sobre tudo e sobre nada e nenhuma ideia para o nosso futuro.
Não aguento os oportunistas, os transgénicos de direita ou de esquerda que tudo fazem para se manterem por aí e às nossas custas.
Não aguento a crise na justiça, na saúde, na educação, no trabalho... Não aguento a falta de confiança que as instituições políticas e sociais nos fazem sentir. Não aguento o desamparo, a falta de perspectiva, a pobreza, a angústia, a tristeza em que vamos sobrevivendo.
Não aguento esta liberdade, produto de mercado, a militância dos ignorantes cujo único objectivo é o corpo perfeito, o silicone perfeito, o peeling perfeito, os dentes perfeitos. Esta ou aquela parte do corpo mais importante que os seus donos.
Não aguento o sucesso sem trabalho, a troca do mérito pela fama, as celebridades de panela de pressão que duram o tempo do vapor. Não aguento os anúncios de mulheres, no seu papel de domésticas, cantando felizes e contentes com o sonasol liquido.
Não aguento mais sermos este bando de patetas de consumo que querem tudo o que vêem e que nos tornam num país endividado até à raiz dos cabelos.
Não aguento mais a faixa de Gaza, as mortes gratuitas como se a vida nada valesse.
Não aguento ver crianças e adultos com fome no mundo, enquanto a Igreja Universal constrói templos de luxo com o dinheiro dos pobres.
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Vou parar por agora.
Estou quase em depressão!!! ... É que há muito mais coisas que eu não aguento!...